UM POUCO DE HISTÓRIA...
Os primeiros estudos da matemática grega
tinham um objetivo principal: compreender o lugar do homem no universo de
acordo com um esquema racional. A matemática ajudava a encontrar a ordem no
caos, a ordenar as idéias em sequências lógicas, a encontrar princípios
fundamentais. Era a mais racional de todas as ciências e, embora existam poucas
dúvidas quanto à aquisição da Matemática Oriental pelos mercadores gregos,
através das suas rotas comerciais, os Gregos descobriram que os Orientais
tinham deixado por fazer a maior parte da sua racionalização.
Porque é que a área de um
triângulo era igual a metade da área de um retângulo com a mesma base e altura?
Esta questão surgia naturalmente ao homem que fazia perguntas semelhantes em
outras áreas.
Pela
primeira vez na história (sec. V A.C.), um grupo de homens críticos, os
"sofistas" abordavam problemas de natureza matemática como parte de
uma investigação filosófica do mundo natural e moral, desenvolvendo uma
matemática mais no espírito da compreensão do que da utilidade. Existe um fragmento da atitude mental
dos Sofistas, que apresenta raciocínios matemáticos com um assunto curioso e
pouco válido, as chamadas lunulae-as pequenas luas ou crescentes delimitados
por dois arcos circulares. O assunto (encontrar determinadas áreas delimitadas
por dois arcos circulares que podem ser expressos racionalmente em termos dos
diâmetros) relaciona-se diretamente com o problema da quadratura do circulo,
que constitui um problema central na Matemática grega.
Hipócrates (sec. V A.C.) investigou as áreas de figuras planas delimitadas
por linhas retas ou por arcos circulares. Ensinou que as áreas se segmentos
circulares semelhantes estavam entre si como os quadrados das suas cordas. A
sua obra já se situa naquilo que
podiamos chamar tradição euclidiana.
O problema da
quadratura do círculo é um dos "três famosos problemas matemáticos da
antiguidade" que começavam a constituir objeto de estudo neste período.
Estes problemas eram os seguintes:
1- A trissecção do ângulo
2- Duplicação do cubo
3- Quadratura do círculo
Pelo menos três grandes matemáticos
deste período estiveram ligados à academia de Platão, nomeadamente Arquitas,
Teleto e Eudoxo. O nome de Eudoxo (408-355 A.C.) está ligado
à teoria das proporções, que Euclides dá no seu quinto livro, e também ao
chamado "método da exaustão", que permitiu um tratamento rigoroso dos
cálculos das áreas e volumes.
A teoria das proporções de Eudoxo
pôs de parte a teoria aritmética dos pitagóricos, que se aplicava apenas a
quantidades comensuráveis. Era uma teoria puramente geométrica, que , na sua
forma axiomática, tornava superflua qualquer referência a grandezas
comensuráveis ou incomensuráveis.
O método da exaustão, tornou-se o
modelo grego e do Renascimento nas demonstrações de cálculo de áreas e volumes,
era muito rigoroso e pode ser facilmente traduzido numa prova que satisfaça as
exigências da análise moderna. Tinha a desvantagem de o resultado, para ser
provado, precisar de ser conhecido antes.
Mais tarde, Euclides (sec.
III A.C.) foi responsável pelo desenvolvimento da matemática no cálculo das
áreas. O raciocínio algébrico em Euclides é expresso totalmente numa forma
geométrica. A expressão “raiz de A” é introduzida como sendo o lado de um
quadrado de área A e o produto ab como sendo a área de um retângulo de lados a
e b. As equações lineares e quadráticas são resolvidas por construções
geométricas conduzindo à chamada "aplicação das áreas".
O maior matemático do
período helenístico e de toda a antiguidade foi Arquimedes (287-212 A.C.). As mais importantes contribuições de Arquimedes na
Matemática foram feitas no domínio daquilo a que agora chamamos "Cálculo
Integral" - teoremas sobre áreas e figuras planas e sobre volumes de
corpos sólidos. No livro de Arquimedes sobre "A esfera e o cilindro"
encontramos a expressão para a área da esfera (apresentando como sendo quatro
vezes a de um circulo máximo). A expressão de Arquimedes para a área de um
segmento parabólico ( quatro terços da área de um triângulo inscrito com a
mesma base que o segmento da parábola e cujo vértice é o ponto onde a tangente
à parábola é paralela à base.
Em todos estes trabalhos,
Arquimedes combinou uma originalidade de raciocínio surpreendente com uma
mestria de técnica de cálculo e rigor na demonstração. É característico desse
rigor o "axioma de Arquimedes" e o uso correto do método da exaustão
para provar os resultados das suas integrações. Arquimedes diferia da
maior parte dos matemáticos gregos pela sua capacidade de cálculo.
Com o terceiro grande matemático
helenístico, Apolónio de Perga (250-205 A.C.), encontramo-nos de novo inteiramente na geometria
tradicional. Escreveu um tratado sobre a elipse, a parábola e a hiperbole,
introduzidas como secções de um cone circular e, vai até à discussão das evolutas
de cônicas. Conhecemos estas cônicas pelos nomes encontrados em Apolónio, referem-se a certas
propriedades das áreas dessas curvas.
Já no sec. XVII
que Bonaventura
Cavallieri (1635),
professor da Universidade de Bolonha,estabeleceu uma forma simples de cálculo,
baseando-se na concepção escolástica de indivisível, o ponto gerando a reta e a
reta gerando o plano através do movimento. Então, adicionou segmentos de reta
para obter uma área e segmentos de plano para obter um volume, mas quando Torricelli (1608-1647)
lhe demonstrou que dessa forma se podia provar que qualquer triângulo é
dividido por uma altura em duas partes iguais, ele substitui "linha"
por "faixa" , ou seja, uma linha de pequena espessura, e assim voltou
a uma teoria atômica. As suas idéias sobre linhas que construíam uma área
conduziram-no ao correto principio de Cavallieri , o qual afirma que sólidos de
altura igual têm o mesmo volume se as secções planas de altura igual tiverem a
mesma área.